Don't Look Up: Críticas Sutis e Inteligentes? - Víctor Graecus

1/02/2022

Don't Look Up: Críticas Sutis e Inteligentes?

Don't Look Up - Netflix, 2021

        Don't Look Up é um filme da Netflix lançado no final de 2021 que narra a história de dois cientistas Dr. Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) que, ao descobrirem que um grande cometa está se aproximando da Terra, tentam alertar o planeta sobre a possibilidade de extinção em massa cada vez mais próxima.

        Com um roteiro e montagem que sem dúvidas serão indicados ao Oscar, o filme ainda conta com a direção de Adam McKay, conhecido por dirigir A Grande Aposta e com a participação de atores renomados. Além dos dois citados, fazem parte do elenco Meryl Streep (presidente Orlean), o novo queridinho de Hollywood Timothée Chalamet (Yule, mas esse personagem eu tive até que procurar o nome porque nem lembrava de terem falado no filme), Ariana Grande (SIM, ela é atriz, às vezes eu esqueço disso também) e Jonah Hill (como Carlos Bolsonaro).

        Bom, o filme é muito bem montado, muito bem escrito, e eu entrarei em vários detalhes da produção em si em textos futuros. Possivelmente farei um texto para cada ponto que quero abordar, inclusive. Mas em um primeiro momento, o que eu quero falar é sobre a recepção do filme pelas redes sociais; em especial pelo Twitter.

        Pois bem, como tudo que faz sucesso hoje em dia, o filme entrou nos trending topics. Muitas pessoas quiseram expressar suas opiniões a respeito do filme, como estou fazendo aqui (porque afinal todos acreditam ter algo realmente importante a acrescentar, eu inclusive. Ponto para outro texto também). Alguns claramente amando o filme, pegando a mensagem que queriam passar e mostrando para o mundo. Outros odiando, chamando de lacração e coisa de esquerdista. Outros defendendo que a situação do filme é absurda, que não aconteceria por N motivos (se vale minha opinião, chutaria que seria algo bem próximo do que aconteceu). E ainda tiveram aqueles que se sentiram parte daquele universo, vide o Átila que trocou a foto de perfil do Twitter para a do Dr. Randall.

        Poucos foram aqueles que simplesmente disseram "gostei" ou "não gostei" e pararam por aí.

        No meio de tantas opiniões, o que me fez ter vontade de escrever esse texto foi um último grupo de críticos. Os que defenderam ou acreditam em coisas parecidas com essa ideia aqui:



         Bom, primeiro que "não, né". Não é um filme feito para gente inteligente. É uma grande esquete do Porta dos Fundos, com um humor extremamente direto e objetivo. Chega a ser difícil não conseguir entender o que o filme está querendo dizer. Principalmente em trechos que os personagens falam "Vamos todos morrer" e "Tem 100% de chance de atingir a Terra" me parece bem óbvio o que está acontecendo. Também tem a mensagem de que um bilionário, que representa todos os nossos atuais bilionários (nossos como força de expressão, evidentemente) e é a mistura perfeito do reptiliano com o Tony Stark do mundo invertido, intervém no plano de salvar a humanidade para tentar tirar algum lucro da situação parece bem bem clara. 

        Claro, ainda existem críticas que ficam em um segundo plano, como a do general cobrando pela comida da máquina, a do conforto na religião, a da precisão dos algoritmos e etc. Mas essas não são o foco do filme de qualquer forma, por isso estão em segundo plano.

        Segundo, e aqui vem o meu ponto, existe um problema que ao meu ver é péssimo em taxar esse filme como inteligente. Eu consigo ver em vários níveis esse problema, na verdade, sendo o primeiro nível o fato de que taxar uma obra como inteligente parece uma tentativa de afastar algo da multidão. Sempre foi assim, o conhecimento, o que é mais culto, é afastado do povo e retirado do meio dessa sabedoria popular. Isso faz com que em um primeiro momento quem não se acha inteligente nem queira ver o filme e em um segundo momento quem entende o filme talvez ache que não entendeu.

        Depois vem o segundo passo desse problema: colocar as pessoas inteligentes em uma casta. O conhecimento precisa ser plural, precisa ser do povo, precisa ser claro e evidente para que as pessoas entendam. Não só quem tem uma base muito consolidada para interpretar as coisas, mas todo mundo. E aí que vem tão bem esse "humor Porta dos Fundos" que eu comentei antes. Faz bem que seja claro, faz bem que não seja "pra gente inteligente". Aqui vem um dos maiores problemas, talvez o maior, do academicismo e dessas estrutura cultural que a gente vive, que separa as coisas entre o culto e o povão, e que faz com que a gente continue vivendo em ciclos históricos porque no fim poucos aprendem com os erros, e poucos não mudam nada, ou perpetuam de propósito o que já existe.

        E por fim, o terceiro, e menor dos nossos problemas, é que se tu se acha muito inteligente por entender esse filme eu lamento muito. Porque é bem direta a mensagem, a ironia só falta te dar um tapa na cara e a sutileza aqui é a mesma de um coice de bode. Vocês estão de brincadeira com a minha cara.


***


        Nas próximas semanas eu quero fazer mais textos em cima desse filme que me fez ter vontade de escrever mais novamente. Portanto, se gostaram, sigam nas redes sociais e assinem o feed do blog que ajuda bastante (se quiser clicar em uns anúncios ajuda bastante também hehe). Muito obrigado por ler até aqui e até a próxima semana!

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